Apresentação



I Encontro Brasileiro sobre Internacionalização e Inovação em Estudos Linguísticos, Literários e Formação de Professores de Línguas

I Semana do Curso de Letras da UEMS-Cassilândia/MS



Da Academia de Atenas, na Grécia, às madrassas religiosas do Mundo Árabe; Da Escola de Nalanda, na Índia, à Universidade de Hunan, na China; Da Biblioteca de Alexandria, no Egito, ao surgimento das universidades de Bolonha, na Itália, Oxford, na Inglaterra e Paris, na França (no início do primeiro milênio), o conhecimento recebeu o status de ciência e as formas de concebê-lo e ensinar-aprendê-lo ganharam tradição acadêmica. Desde então, as universidades se proliferaram por diferentes partes do mundo acelerando o intercâmbio das ciências, ideias, culturas e acadêmicos, criando redes de comunicação e cooperação, o que permitiu as instituições universitárias sobreviverem às crises institucionais e perseguições poderio-religiosas ao longo dos séculos (SANTOS;ALMEIDA FILHO, 2012). Adentrar na história do conhecimento, das ciências e da universidade nos permite entender que os movimentos de Internacionalização da Educação Superior que tanto temos debatido nas últimas décadas não é recente, do contrário, ele faz parte da existência e da dinâmica de sobrevivência das instituições de Ensino Superior e de suas tradições acadêmicas, desde as suas origens.

Deve-se boa parte do fortalecimento dos movimentos de Internacionalização da Educação Superior à República das Letras, uma comunidade internacional do saber “inicialmente costurada pedaço a pedaço por cartas escritas à mão e enviadas pelo correio e, mais tarde por livros e jornais” de caráter científicos (MCNELY; WOLVERTON, 2008; p. 124). Foi graças à cooperação internacional e a atitude dos membros da República das Letras é que a ciência se consolidou como método de pensar e construir conhecimento, entre 1500 e 1800 d.C., tempo marcado por perseguições político-religiosas. Membros da dessa comunidade, como Erasmo, Copérnico, Galileu, Descartes, Newton e Bacon nos deixaram não apenas um legado sobre ciência, mas também sobre a necessidade de intercambiar ideias, resistir, cooperar e inovar para manter viva a reinvenção do conhecimento, e, portanto, o aprimoramento da existência e condição humana.

Pouco se estuda sobre o movimento da República das Letras, mas é dele que surgiu os primeiros ideais de República, ou da livre liberdade do pensar, que moveu os universitas da República das Letras da França a pleitearem os movimentos da revolução francesa e, com eles, a consolidação da República enquanto regime político. É da República das Letras é que surgiu também as intercessões entre política e ciência e, a partir dela, a capitalização e popularização do conhecimento entre as massas (MCNELY; WOLVERTON, 2008). Curiosamente, é da atitude político-científica da República das Letras é que se fundaram as Faculdades de Letras pelo mundo e, com elas, reinvenções nas formas de se construir e fazer ciência nos Estudos Linguísticos, Literários e na Formação de Professores de Línguas.  

Mas, o que esses legados nos permite refletir sobre o contexto brasileiro dos Estudos Linguísticos, Literários e de Formação de Professores de Línguas? Além disso, como essas ciências e o Curso de Letras no contexto brasileiro tem lidado com a internacionalização e inovação? Antes de qualquer coisa, é preciso assumir que o Brasil tem atravessado conflitos, (re)organizações, rupturas e manobras poderio-políticas profundas na última década que têm deslocado formas de fazer, conceber, financiar, ensinar e construir ciência no país. Se esses deslocamentos conduzirão a comunidade acadêmica à falência ou para a reinvenção das suas formas de institucionalização da ciência e do ensinar-aprender, caberá o tempo e a história dizer. O fato é que faz-se necessário promover encontros e intercâmbios acadêmicos para incentivar o diálogo e reflexão a respeito desses acontecimentos. É preciso avaliar em que medida podemos resistir ou nos apropriar dos conflitos, (re)organizações e rupturas sociopolíticas para inovarmos e deslocarmos os Estudos Linguísticos, Literários e a Formação de Professores de Línguas e, dessa forma, continuarmos a dar sentido a Formação Superior em Letras no contexto brasileiro.

É com esse intuito é que o Curso de Letras da UEMS-Cassilândia/MS abre as suas portas para a comunidade acadêmica brasileira e convida a todos para participarem do I Encontro Brasileiro sobre Internacionalização e Inovação em Estudos Linguísticos, Literários e Formação de Professores de Línguas. A proposta do evento é criar campo para o diálogo a respeito de iniciativas de resistência, inovação e internacionalização que têm instigado a ruptura de paradigmas nos Estudos Linguísticos, Literários e Formação de Professores de Línguas, bem como fortalecido a Formação Superior em Letras no contexto brasileiro. O evento acontecerá entre os dias 18 e 22 de outubro de 2021 de forma remota em concomitância com a Semana de Letras do Curso de Letras da UEMS-Cassilândia/MS e contará com a presença confirmada de diferentes pesquisadores. Além de conferências e discussões aprofundadas sobre Internacionalização e Inovação em Estudos Linguísticos, Literários e Formação de Professores de Línguas, haverá espaço para que graduandos, pós-graduandos e pesquisadores apresentem trabalhos temáticos e comunicações em grupos de trabalho, intensificando a abrangência e os propósitos do evento.

 

Desde já, desejamos a todos boas-vindas! 



Caso tenham dúvidas ou necessitem de mais informações a respeito do evento, escrevam para letras.cassilandia@uems.br